quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

BES: A queda de um Império

Para se perceber exatamente o que levou o GES ao colapso tem que se perceber uma séria fenómenos característicos da alta gama do setor financeiro, nomeadamente, favores que se fazem aqui, troca de influencias ali, telefonemas a deputados e ministros… Bem aquela coisinhas que toda a gente sabe mas ninguém tem coragem de dizer!

Se por acaso tiver curiosidade e tempo, essencialmente tempo, para aprofundar esta matéria, no final esta um link de uma investigação cronológica levada a cabo pelo PUBLICO, que na minha opinião esta bastante interessante.



(Todos os factos, nomes e valores apresentados abaixo, são uma coletânea de noticias apresentadas por vários jornais de entre os quais SOL, i, DN, PUBLICO, JN entre outros…).

Vamos lá então começar!
Comecemos pelo início, 2002. Numa tentativa de expansão para novos mercados, o BES abre uma sucursal em Angola e chama-lhe de BESA.
Já nesta altura, João Rocha, ex-quadro do BES, envia uma carta aos acionistas a denunciar “operações pouco transparentes”. Ninguém dá importância.

Entretanto, 2006, BES tem lucros na ordem dos 200 milhões de euros.

O ano 2009 marca o início do fim do Império. Por esta altura a banca Portuguesa apostava essencialmente, no financiamento em larga escala aos seus clientes. No entanto, mais de metade da carteira de crédito do setor estava sustentada em divida contraída junto de credores internacionais. Portanto, a banca pedia dinheiro para emprestar.
Com isto, o BES revela um desequilíbrio na relação crédito/depósitos de cerca de 192%. O Banco de Portugal recomenda um teto máximo de 120%.

Com isto, o GES acumula excesso de divida e engendra algumas operações ruinosas para esconder as dificuldades. Basicamente, torna-se num típico aprendiz a “gambler”. Aposta 200. Perde 200. Aposta novamente 200 para recuperar o perdido. Ups, lá foram mais 200. Entrou assim numa espiral negativa sem precedente.

O nome Espírito Santo representava não só um grupo mas também uma família que há muito tem o nome ligada à banca. Não seria esta geração que lhe tiraria toda a credibilidade até agora construída. Pelo menos era o que Ricardo Salgado pensava.
Criaram-se então as tão faladas Eurofins, usados como banco virtual para escoar algum do prejuízo, disfarçando assim a situação financeira do GES. (Estas Eurofins estariam para o GES como o Banco Insular estava para o BPN)

Já em 2010, a PT vende 50% da sua participação da Vivo à brasileira Telefónica por cerca de 7000 Milhões de euros e aplica 4500 na CGD e no BES. O banco encaixa 206M de euros com esta transação. Do valor aplicado no BES 250M são utilizados para comprar títulos de divida da Espírito Santo Investmts (ESI), onde por esta altura já existiria o buraco na holding que viria a contribuir em muito para o colapso do grupo.

Estamos em 2011, o banco precisa de injeção de capital para cumprir o rácio de solidez exigido pelo BdP no entanto a Família não tem disponibilidade para tal. A opção é a venda da Escom, uma holding do grupo, que por sinal deve 500M de euros ao banco, capital suficiente para cumprir a exigência da entidade reguladora da banca portuguesa. Salgado recorre então a Álvaro Sobrinho, CEO do BESA, para formalizar acordo da venda. No entanto, do acordo dos 500 somente a sinalização no valor 86M chega ao BES. O que complica, e muito, as contas de Salgado.
Não se deixando ficar, o CEO do BES junta-se a Morais Pires e apresentam uma queixa ao BdP do CEO do BESA.
Sobrinho não gosta, corta relações com Lisboa e no final do ano os lucros angolanos salvam o grupo de apresentar prejuízos.

Com o programa de ajustamento em 2012 tudo se torna mais difícil e as regras europeias de supervisão ficam ainda mais apertadas.
O restrito conselho superior do GES decide chamar a geração seguinte á mesa.

Estamos então no fatídico ano de 2013. Em Fevereiro, Pedro Queiroz Pereira, presidente da Semapa, conhecendo a ambição de Salgado, reúne uma equipa de advogados e economistas de forma a proteger-se do GES. E deu frutos! Descobre parte da situação descontrolado do grupo, antecipa-se a tudo e todos e apresenta queixa ao Banco de Portugal.
Altura quente do ano, tanto para o país como para os Espírito Santos, várias investigações do ministério publico, deterioração das contas das holdings, relação descontrolado com Angola, guerra aberta com PQP, família dividida… O caos!

Enquanto isto, o BESA monta um mega carrossel. Empresta verbas aos construtores imobiliários, que por sua vez repassam para o comprador do imóvel, contando que o valor obtido dos arrendamentos seja suficiente para pagar o crédito. Ora, o banco aceita a transferência do crédito para terceiros que não apresentam capacidade de honrar o pagamento das dívidas.

O BES é então obrigado a registar 1423M de euros em provisões para fazer face ás imparidades de crédito (perdas potencias por financiamento na área imobiliária essencialmente)


A 30 de Setembro, BdP aprofunda as avaliações financeiras do GES e inicia uma perícia ás contas das holdings. Encontra as irregularidades que tanto tentaram encobrir.
Mas não é tudo, o pior estaria para vir.
E chegou! Numa Assembleia Geral do BESA chegou-se à conclusão que havia 5700M de euros de créditos com cobrança duvidosa. Não havia porta onde bater.

Naturalmente, Ricardo Salgado afasta Sobrinho, mas não consegue evitar que a bomba rebente no BES que terá assim de declarar imparidades astronómicas que lhe rebentam o balanço.
Numa tentativa de minimizar o estrago, Salgado desloca-se a Angola e encontra-se com o Presidente Angolano José Eduardo dos Santos, que concede uma garantia de 4200M de euros ao BESA, seria acionada caso este ultimo não fosse capaz de cumprir as suas obrigações com Lisboa.
Sem este aconchego angolano, caso houvesse incumprimento por parte do BESA, o BES entraria de imediato em colapso.
O BdP avisa que existem “dúvidas quanto ao preenchimento dos requisitos necessários para considerar a garantia estatal angolana elegível para efeitos de proteção” do banco.

As autoridades portuguesas dão orientações a Salgado para que chegue a um acordo com PQP pela venda da participação do grupo na Semapa.
Salgado perde assim a guerra com PQP ao mesmo tempo que vê exposto as fragilidades do GES.

Em Novembro Ricciardi joga cartada para afastar Salgado. Falhou. Mas será que isto quereria dizer que o Senhor passou a Menino? Que o fim da era Salgado estaria a acabar? E Será que iria arrastar tudo consigo?

E foi mesmo isso que aconteceu!
O grupo atinge o fundo! Estava com um PASSIVO de 5600 Milhões de Euros.


No final de 2013, O Banco de Portugal avisa Ricardo Salgado que o banco esta em incumprimento e que a garantia angolana não é válida.
BES é contaminado pelo BESA.

Depois de muita luta, Salgado não conseguiu salvar o jóia da coroa do grupo. Afoga-se e arrasta tudo consigo.

A solução encontrada, bem isso já toda gente sabe, NOVO BANCO.

Aqui está o link para aprofundar este tema:
http://www.publico.pt/economia/noticia/cronica-do-fim-do-imperio-1673213

       

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Ficar ou não ficar no euro? Eis a questão...

Mas afinal ganhamos ou perdemos em sair da moeda única? 

Será que há vantagens em sair do euro? Com certeza que há! Mas será que essas vantagens se sobrepõem às desvantagens? Não sabe? Eu explico!

Desde já deixem-me começar por explicar um pequeno mal entendido, certamente não passara disso, que tenho ouvido em diversos órgãos de comunicação social. 
Não há nenhuma entidade, seja ele um banco, um fundo ou uma comissão, capaz de expulsar qualquer que seja o país pertencente à União Europeia, desta mesma União. Portanto, os indivíduos que reiteram que caso Portugal não cumpra certas metas a que se obrigou poderá vir a ser expulso da UE, ou são ignorantes ou então têm como único objetivo instalar a dúvida sobre a população!

Mas vamos então ao que realmente interessa!
Vantagens? Certamente que existem.  Desvantagens? Mas é claro... Então e agora? Vamos ponderar, portanto, os prós e contras desta questão e deixo então que sejam os leitores a retirar as suas conclusões.


Comecemos então pelas vantagens em sair do euro!

  1. Uma das principais razões que sustentam o abandono da moeda única será o aumento das exportações. O que à priori é um facto consumado tendo em conta a desvalorização da moeda nacional face à moeda única.
  2. Deste aumento de exportações, resultaria, indubitavelmente, numa maior de oferta de emprego, visto que o aumento de procura iria obrigar a um aumento de produção e por conseguinte este aumento de produção obrigaria a um aumento de mão de obra.
  3. Naturalmente, o fenómeno descrito no ponto 2 resultaria num aumento de receita fiscal já que haveria um acréscimo do numero de contribuintes e consequentemente um decréscimo de dependentes do estado. 
  4. O Ministério das Finanças, através do Banco de Portugal seria responsável pela emissão de moeda (e como muitas "almas penosas" defendem, não eu) podendo sempre que necessário fazer uma nova emissão. Como é óbvio não se pode simplesmente fazer emissões de moeda mas isso fica para posterior discussão.
  5. Certamente, a competitividade económica iria florescer como uma rosa numa terra rica. O desemprego diminuía, o povo estaria mais desafogado e a balança orçamental conseguiria o maior equilíbrio dos últimos 20 anos.


Mas será isto o suficiente para formular uma posição? Ponderemos então as desvantagens!

  1. Tendo em conta a fragilidade económica em que nos encontramos e a relutância com que somos vistos por outros mercados, a partir do momento em que a moeda portuguesa entrá-se em banca, definitivamente, a sua desvalorização face a moedas dominantes iria ser colossal, sem previsão de estabilização.
  2. A Setembro de 2014, o rácio da dívida pública portuguesa situava-se nos 119,6% do PIB o que equivalerá a cerca de 207.396.000.000€ (inclui depósitos, que abatem à dívida total). Caso o país decidisse abandonar a moeda única, a dívida continuaria a mesma, aliás, multiplicaria-se pela desvalorização da moeda nacional face a moedas mais fortes. Neste ponto temos, obrigatoriamente,  que colocar uma questão. Será capaz o aumento de exportações e a emissão de moeda suportar esta multiplicação da dívida? Dos juros? Das obrigações?
  3. Não pagar as dividas, como muitos bons Senhores sugerem, nem sequer pode ser opção! Será que a Alemanha compraria divida nacional se o governo, simplesmente, decidisse não pagar o que lhe deve? Que faria o Banco Central Europeu se tal lhe fosse comunicado? Vamos la pensar um bocadinho... Hoje em dia, a gestão de merceeiro já não é tão eficaz como à uns anos atrás. A economia evolui e cada vez mais os países estão dependentes de uma simbiose económica que lhes oferece uma certa liquidez.
  4.   Do ponto de vista do cidadão, nada melhor que uma imagem para esclarecer alguma dúvida que haja.


Então e agora? Qual será a melhor opção? Ponderem muito bem antes de escolher uma posição!

Caso haja algum tema que queiram ver discutido deixem em comentário Porfavor.




segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Caríssimos cibernautas, leitores, políticos (caso hajam) e amigos.

O meu nome é José Castro, tenho 20 anos e vivo em Lisboa. 
Nada mais sou do que um mero curioso na milenar arte de fazer política, no entanto, tenho assistido nestes últimos tempos, que nos tanto nos têm assombrado, um ínfimo numero de pessoas, leigos, doutores e até mesmo economistas de renome, defenderem certas políticas e certos sentidos económicos que sinceramente, não se hei-de de rir ou chorar com tais barbaridades que tenho ouvido. O tempo dos magos já la vai há muito, e naturalmente, não existe Ser dono de toda a razão, de todo o conhecimento e de toda a experiência. Portanto, com base em factos, vou tentar de uma explicar todos os temas da atualidade trocados por miúdos.

Se por ventura houver algum tema que sintam a necessidade de ver esclarecido, por favor, entrem em contacto comigo e juntos aprofundamos o tema para chegarmos a uma conclusão.

Sejam BEM-VINDOS!!!!